terça-feira, 2 de outubro de 2012

TIETÊ, O MAIS PAULISTA DOS RIOS


Dia 22 de Setembro é comemorado seu aniversário
O Tietê é o mais paulista dos rios. Nasce no município de Salesópolis, ainda na Serra do Mar, a apenas 22 quilômetros do Oceano Atlântico, e após percorrer cerca de 1.140 quilômetros, de leste para oeste, deságua na lago formado pela barragem de Jupiá, entre os municípios de Itapura (SP) e Três Lagoas (MS), no rio Paraná, a 50 quilômetros de Pereira Barreto. Os indígenas o chamavam Anhembi. O nome Tietê foi registrado pela primeira vez em um mapa no ano de 1748, sendo de origem Tupy, significando “água verdadeira”. É o mais extenso rio paulista, nele se registrando os saltos de Itu e Avanhandava, e seu curso é em grande parte navegável, reverberando progresso e desenvolvimento econômico, graças às eclusas construídas nos locais em que haviam obstáculos.
Porém já na metade do século 18 a monocultura da cana-de-açúcar provocava o desmatamento de suas margens, além do assoreamento. Em 1900 existiam mais de 150 indústrias que despejavam lixo em suas águas. Na capital paulista, há algumas décadas, ele foi praticamente deformado para permanecer uma única linha reta e mandar a sujeira embora da cidade — a história mostrou que não deu certo. Em 1970 o índice de oxigênio de sua água era zero. De suas margens, na atual Porto Feliz (antiga Ararytaguaba), partiram as primeiras monções, que assinalaram o início do movimento das bandeiras, com seus batelões repletos de sonhos e saudade, para conquistar terras pelo interior do Brasil. Entre 1765-1775 diversas expedições governamentais foram organizadas pela Capitania de São Paulo, para consolidar fronteiras e povoar a região localizada além da cidade de Itu, a qual, pelo Tratado de Tordesilhas (1493-1640) havia pertencido à Espanha. Sesmarias foram concedidas e fundaram-se núcleos de colonização. Numerosas cidades se formaram em suas margens, e ao seu redor se enriqueceu e consolidou o estado de São Paulo. Mas antes disso aventureiros se lançavam em seu curso selvagem buscando ouro e pedras preciosas. Correm em torno deste rio inúmeras lendas, causos e costumes. 
Embora pouco após nascer ele já esteja poluído, atravessando toda a capital paulista com seu característico odor, é desejo da população brasileira que ele volte a ser piscoso e a sediar campeonatos esportivos e de pesca, a exemplo do que ocorria no passado e ocorre ainda hoje no interior do estado, onde suas águas estão mais limpas. A cidade de Matão tem uma ligação bastante forte com o rio Tietê, pois o velho Lourenço, rio que nasce em nosso município, após percorrer 110 quilômetros e receber 26 pequenos afluentes, desemboca, no município de Borborema no Ribeirão dos Porcos e,consequentemente em suas águas. É grande o número de pesqueiros e ranchos cujos proprietários são matonenses, e também existem os turistas de um dia só, que chegam ao local em caravanas. Nas praias daquele município, como a do Juqueta, podemos encontrar amigos e conhecer pessoas, no verão, nos finais de semana e nas férias. Finalizamos este texto com o início do belo poema “Meditação sobre o Tietê”, do poeta Mário de Andrade, escrito entre 1944 e 1945: “Águas do meu Tietê, / Onde me queres levar? / — Rio que entras pela terra / E que me afastas do mar...”



















Texto Eduardo Waack  —  Fotos Sêrgio Sàbará


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