A celebração da natividade de São João Batista ocorrida no
último dia 24 de junho me levou à capela dedicada ao Santo para participar da
missa em seu louvor.
A capela, localizada no distrito de Jurupema e vinculada à
Paróquia de Santa Luzia, por si só representa um convite perfeito à meditação e
à oração.
Ao chegar as Jurupema por volta das 19 horas, encontrei o
largo da capela praticamente vazio. Isto me ajudou ainda mais a refletir sobre
os mistérios que envolvem o Batista, uma vez que também ele e Jesus Cristo
buscaram no deserto o refúgio para se fortalecerem na missão.
A João Batista coube a tarefa de anunciar o Cordeiro de Deus que tira os pecados do
mundo, de pregar a conversão de vida e o batismo para purificação e salvação.
Este homem, que no ventre materno exultou pela vinda do
salvador, aparece como o precursor do Cristo ao reafirmar não ser ele o Messias
e nem de ser digno de desatar as sandálias do salvador.
Primos legítimos, João Batista e Jesus Cristo foram sinais
visíveis da ação de Deus junto aos homens, transpondo as barreiras que apenas o
divino pode explicar.
João, concebido na velhice de Isabel e Zacarias, e Jesus,
nascido pela ação do Espírito Santo junto à Virgem Maria, que estava prometida
em casamento a José.
Todos estes mistérios me permitiram, ao adentrar à capela,
contemplar principalmente a sua imponente cúpula que, em forma de círculo,
simboliza a perfeita integração humana e divina que João Batista soube tão bem
cumprir em sua vida terrena.
Os belíssimos andores que iriam ser conduzidos durante a
procissão me levaram a reviver as procissões de minha infância marcadas pela
solenidade do silêncio da oração e da presença da banda musical na execução dos
hinos religiosos tradicionais.
Assim observei que Jurupema manteve a tradição da
religiosidade popular brasileira que coloca à frente o andor de São Benedito
para abrir a procissão, seguido pelo andor do padroeiro pois, segundo a
tradição, se ele não sair à frente da procissão, ocorre uma forte chuva que
impede a realização da festa.
Após o levantamento do mastro e a fogueira acesa, a
comunidade se reuniu no salão de festas para uma singela confraternização.
Voltei de Jurupema mais fortalecido ao rever amigos e
parentes e principalmente meditar sobre a força daquele que fez de sua língua
uma espada afiada que ainda continua a nos conclamar com sua voz clamando no
deserto: preparai os caminhos do Senhor!
*
Paulo César Cedran é Mestre em Sociologia, Doutor em Educação Escolar pela
Unesp de Araraquara, Supervisor de Ensino da Diretoria de Ensino – Região de
Taquaritinga, Docente do Centro Universitário Moura Lacerda de Jaboticabal e da
Uniesp de Taquaritinga.
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