Texto Eduardo Waack — Fotos Sêrgio Sàbará
Ao
passar pela histórica Estrada Boiadeira, que liga a cidade de Matão ao distrito
de São Lourenço do Turvo, em terra batida bem conservada, o viajante poderá
avistar muitas aves e outros animais silvestres, além de apreciar paisagens
típicas da região. Esta estrada assim se chama por ser o caminho por onde
passavam, no início do século XX, as boiadas e rebanhos que cruzavam o nosso
município, conduzidas por homens fortes, brutos e idealistas, precursores do
nosso progresso e fundadores de vilas e cidades nos estados de São Paulo, Minas
Gerais, Mato Grosso e Goiás.
Somente em um sítio com
plantação de sorgo (espécie de cereal) foi possível avistar mais de trezentas maritacas,
apreciar seus cantos e o verde de sua plumagem, e escutarmos outras aves,
incluindo emas, tucanos, gaviões carcarás, canários da terra, sanhaços e
urutaus, além de insetos barulhentos. Nos finais de semana velozes grupos de
motociclistas passam ruidosos levantando poeira e com suas roupas e capacetes
coloridos alegram a monotonia da tarde de sábado. Também comitivas de
cavaleiros a percorrem vestidos a caráter e contando causos de peões de rodeio,
vaqueiros esforçados, touros enlouquecidos e da árdua lida no campo.
Um dos locais preferidos da
população animal é a ponte sobre o Córrego Cascavel, mesmo estando muito
poluído e resistindo bravamente (poluição esta que nasce dentro da cidade de Matão).
Outro bonito recanto localiza-se ao lado da ponte sobre o Córrego Tamanduá,
aqui bastante limpo e reflorestado, sinal da consciência ecológica dos
proprietários locais. Esta estrada vicinal em alguns trechos próximos ao sinuoso
rio São Lourenço abriga curicacas, príncipes, arirambas, os enormes e
desajeitados tuiuiús e as mais variadas espécies de garças. A paisagem ao redor
é esplendorosa, e o amante da fotografia se deliciará com a oferta de
inusitados flagrantes.
Além das aves e animais, há o lindo
caminho cercado de laranjais e canaviais, pequenas propriedades rurais com seus
casarões antigos e florestas. É um convite para pararmos o automóvel um pouco e
descermos, esquecendo a pressa cotidiana e apreciando a sombra de uma árvore
secular, quem sabe molhando os pés num riacho e provando frutas maduras da
estação,.conhecendo uma das regiões mais prósperas do município pela estrada
que ajudou a desbravar o estado e ainda hoje transporta sonhos, estudantes,
trabalhadores, agricultores e sonhadores como nós. Esta estrada também escoa a
colheita da zona rural para o entreposto de distribuição na cidade. Boa viagem
(coração aberto, mente quieta, olhos e ouvidos atentos), com gosto de aventura,
daquelas que se fazem no mesmo dia, voltando para o aconchego do lar ao cair da
tarde. E lembre-se: da natureza nada se tira além de fotografias, nada se deixa
além de pegadas, nada se mata além do tempo.
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